27 maio 2024, 21:32
Belenenses anuncia saída de Mariano Barreto
Treinador chegou no final de fevereiro para o lugar de Vasco Faísca, mas não conseguiu evitar o regresso dos lisboetas à Liga 3
Primeira entrevista do novo treinador dos azuis do Restelo, que quer levar o clube à Liga 2 apostando também na formação do mesmo. Isto após uma época em que treinou os juniores daquele que diz ser o clube da sua carreira
— O Belenenses já desceu à Liga 3 há três semanas, mas só esta semana é que se oficializou a saída de Mariano Barreto da equipa. Quando é que falou com a direção para assumir o comando da equipa?
— É um momento delicado e sempre indesejável. Quando o clube desceu, eu ainda estava com os juniores, mas o presidente fala comigo após o término do campeonato, depois de estar tudo resolvido com Mariano Barreto, pelo qual tenho um apreço tremendo, ele que até foi meu treinador. O presidente teve uma abordagem informal e eu disse que estava disponível. Já são muitos anos que tenho de história com o clube.
27 maio 2024, 21:32
Treinador chegou no final de fevereiro para o lugar de Vasco Faísca, mas não conseguiu evitar o regresso dos lisboetas à Liga 3
— E foi essa ligação que tem com o clube, tanto como jogador como treinador, que o fez aceitar o convite, apesar do Belenenses atravessar uma fase tão atribulada?
— Sem dúvida. O presidente também o sabe. Esta ligação é de cinco anos como jogador, quando o Engenheiro Cabral Ferreira, o falecido presidente do clube, me fez sócio do mesmo. Corri, chorei, lutei e sorri nesta casa. E depois de três época como treinador, mais esta que agora acabou e a que há de vir, já serão 10 anos de ligação ao clube, em 34 que tenho no futebol. É o clube da minha carreira, a todos os níveis.
— Pode assumir que o objetivo do Belenenses, na próxima época, é voltar já à Liga 2?
— Os adeptos do Belenenses olham para o clube que, onde quer que esteja, é para ter sucesso. Foi aquilo a que sempre fui aqui habituado, desde que cá cheguei em 2002. E nestes últimos anos o clube subiu sempre de divisão, essa cultura de vitória existe. Portanto, o Belenenses é sempre um candidato à subida de divisão. Descer de divisão é uma aprendizagem e temos de crescer com isso.
Na construção do plantel, acima de tudo vamos apostar na formação e em jogadores que fizeram parte da equipa na época passada.
— O Belenenses detém 100% da equipa de futebol sénior; numa altura em que até na Liga 3 e em escalões inferiores já é comum os clubes terem uma SAD e outros investidores, vê este aspeto do clube como uma limitação ao seu trabalho, em termos de construção de plantel?
— São questões que, como treinador, me passam ao lado. Estamos a elaborar já a construção de um plantel, dentro do que o presidente nos possibilita. Eu nem olho a orçamentos, olho para os jogadores que me interessam e que se enquadrem nesta liga. Eu tenho de constituir uma equipa competente. Claro que vamos sempre olhar para o aspeto financeiro, mas o mercado tem jogadores competentes, competitivos, ao ponto de conseguirmos ser uma equipa forte sem termos de gastar fortunas. Acima de tudo, quero construir o plantel mais homogéneo possível.
— Falando já desse plantel, de jogadores como Zequinha e Tiago Ilori, que são dos mais conhecidos na equipa, a Pedro Carvalho, que foi uma revelação esta temporada, conta com eles?
— Não consigo individualizar. Vai depender muito da vontade dos jogadores, que eu não controlo, daquilo que eu pretendo para a equipa e como há tanta diversidade… depois pode correr mal e não faz sentido nenhum.
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Acima de tudo, posso falar de jogadores que podem vir da formação. O facto de o presidente ter falado comigo, creio que tem que ver com o que represento na história do clube, do que sei da formação. E o Belenenses tem de apostar cada vez mais na formação, em reter os talentos que tem. A equipa de sub-15 está a fazer um campeonato extraordinário, os sub-17 têm muitos jogadores talentosos e quando chegamos aos sub-19, praticamente não temos nenhum dos jogadores desses escalões inferiores.
Os jovens precisam de sentir que há futuro no clube e quando assim for, em vez de irem para o SC Braga, para o Benfica ou o FC Porto, ficam no Belenenses. E vão ser esses jogadores que podem sustentar uma equipa forte e que os adeptos gostam sempre de ver, jogadores da casa que estão na equipa principal.
— A construção do plantel para a próxima época passa por uma aposta nos jogadores da equipa de juniores, com os quais trabalhou esta época, jogadores que passaram na Liga 3 ou eventualmente ir ao mercado estrangeiro?
— Essa construção está sempre em aberto. Acima de tudo é apostar na formação e em jogadores que fizeram parte do plantel na época passada. E dentro da prospeção, já temos uma vasta lista de jogadores para atacar, não quer dizer que se consiga todos, mas o plantel tem de ser homogéneo. Não há nada melhor do que ter um plantel em que as primeiras escolhas, se calhar não são jogadores de excelência, mas têm qualidade, e depois as segundas linhas são muito parecidas com os jogadores de primeira linha. Dá competitividade e qualidade no treino e o grupo de trabalho terá muito mais rendimento do que se houver uma grande diferença entre as primeiras e segundas escolhas.
— Numa entrevista recente a A BOLA do presidente do Belenenses Patrick Morais de Carvalho disse que, ao descer, o clube voltaria mais forte. Do seu ponto de vista, isso significa, não só ter uma equipa mais forte, mas também uma estrutura no clube mais forte para atacar a Liga 2 de outra maneira?
— Com esta descida, o presidente percebeu o que é necessário para estar nos campeonatos profissionais, a estrutura e os plantéis necessários. Na Liga 2 a história é outra do que nos outros escalões. Claro que descer é sempre triste e nunca é bom, mas aconteceu. Então vamos perceber como e porque é que aconteceu. Vamos corrigir e evoluir para quando o clube voltar a este patamar, esteja para durar. O caminho é esse.
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