Criadores de golos: um viking que constrói e finaliza
Gyokeres (IMAGO)

Criadores de golos: um viking que constrói e finaliza

NACIONAL30.05.202412:00

Em época de estreia e além de melhor goleador, Gyokeres sagrou-se como o maior criador de golos da Liga. Marcando ou construindo, esteve em metade dos golos leoninos! Pedro Gonçalves e Di María partilham o pódio

Contratado ao Coventry do Championship (segundo escalão inglês), Viktor Gyokeres explodiu no futebol português como há muito não acontecia nos relvados nacionais. Correspondendo ao pedido de Rúben Amorim, o artilheiro de 25 anos natural de Estocolmo e figura-maior nesta Liga, elevou o futebol leonino a um patamar superior, conferindo-lhe uma dimensão que a equipa de Alvalade claramente não possuía. A sua influência foi por de mais evidente, com o sueco a ser determinante na construção dos muitos golos dos novos campeões nacionais - 96, igualando o conseguido pela equipa do Sporting campeã há 50 anos (1973/74) -, pois para lá dos 29 que apontou e lhe valeram a BOLA de Prata, ainda esteve na criação - participação direta em lances terminados com a bola nas redes adversárias alargando o conceito de assistência (tão-só o passe final para o marcador) - de 22 golos, com dois deles a serem por si concluídos. Gyokeres esteve assim ligado a 49 dos 96 golos obtidos pelos leões (incríveis 51 por cento!), sendo o jogador que mais golos fabricou na prova graças à intensidade que põe em campo, demolidoras arrancadas e permanente atitude de não dar uma bola por perdida. E mesmo com o egoísmo próprio dos grandes goleadores muitas vezes procura encontrar linhas de passe para os companheiros.

O sueco imita o portista Hulk, único que nos últimos 25 anos colou o título de melhor marcador com o de também maior criador de golos (em 2010/11) e sucede ao ex-portista Otávio - o luso-brasileiro, companheiro de Cristiano Ronaldo no Al Nassr, venceu em 2022/23 depois de ser 2.º nas três anteriores épocas - e passa a incluir uma galeria de criativos de excelência onde brilham o dragão Drulovic (conquistador de quatro triunfos seguidos entre 1996 a 1999) e trivencedores como Balakov, Deco, Ricardo Quaresma e Nico Gaitán.

Presente em 33 das 34 jornadas - falhou a receção ao Rio Ave (6.º), sendo substituído nos minutos finais de dois jogos e entrando ao intervalo no Dragão - esteve no desenho de 18 golos em lances de bola corrida (somando nove assistências), foi carregado num penálti cometido por João Nunes na goleada 8-0 ao Casa Pia que ele próprio converteu, e sofreu falta para três livres indiretos, dois deles finalizados por Coates. Paulinho pode-lhe agradecer quatro golos, tendo Pedro Gonçalves e Marcus Edwards obtido três com a sua contribuição.

Numa classificação que se obtém dando um ponto a cada participação direta na criação de um golo (com a falta para penálti concretizado a valer ponto e meio) nunca a luta pelo título do maior criador de golos da Liga foi tão renhida e disputada como nesta época, com os cinco primeiros colocados a ficarem tão juntos numa tabela que só ficou definida mesmo na derradeira jornada.

Colados ao sueco surgem Pedro Gonçalves e Di María - prejudicados por não terem sofrido qualquer penálti assinalado - e logo a seguir Rafa e Nuno Santos. Menção final para o 27 benfiquista, presente no pódio das anteriores três épocas e que, tal como em 2022/23, liderou a tabela com largo avanço na 1.ª volta mas foi penalizado por uma segunda parte de temporada menos influente.

Um Cristo que encantou e um Costinha bem influente

O topo da tabela dos maiores criadores da Liga é hegemonicamente ocupado por jogadores pertencentes aos quatro grandes, com a honrosa exceção do surpreendente espanhol Cristo González (7.º ao fabricar 19 golos da equipa da serra da Freita), único atleta da classe média do futebol português a surgir entre os dez primeiros e um dos elementos do trio espanhol levou o Arouca a ser exaltado pelo seu poder de fogo atacante, quinto melhor da campeonato.

Também em destaque, até por ser o jogador com mais significativa contribuição, em percentagem, para a construção de golos de uma equipa foi o lateral-direito vilacondense Costinha, que pisando terrenos mais adiantados no esquema 3x4x3 de Luís Freire, criou 14 dos 38 marcados pelo Rio Ave (fez seis assistências), deixando marca em 37 por cento dos golos rioavistas. Em termos de influência refira-se ainda a importância de Pepê, presente em 30 por cento dos golos do FC Porto (19 em 63).