Campeã e internacional espanhola assume o comando técnico do Albergaria
Saray Garcia vai orientar um dos emblemas históricos do futebol feminino português
A competitividade crescente da Liga de futebol feminino em Portugal tem sido uma evidência nas últimas épocas e tem contribuído não apenas para o desenvolvimento da jogadora e treinadora portuguesa como também se tem vindo a tornar cada vez mais apelativo para mais-valias recrutadas no estrangeiro, como comprova a mais recente aposta do Clube Albergaria, um dos emblemas de maior tradição do futebol no feminino em Portugal.
O emblema de Albergaria-a-Velha, vice-campeão nacional em 2012/2013 e 2015/2016 e também finalista vencido da Taça de Portugal em 2007/2008, 2011/2012 e 2014/2015, surpreendeu na escolha para suceder a Manuel Pinho, que iniciou a temporada mas que seria demitido por justa causa.
Numa competição na qual os técnicos nacionais estão em grande maioria – dez das doze equipas participantes são orientadas por portugueses -, o Clube Albergaria apostou numa antiga internacional por Espanha. Laureada enquanto jogadora, Saray Garcia chega a Portugal com a mesma ambição de chegar aos mais elevados patamares.
«Creio que é uma oportunidade de ouro para continuar a impulsionar a minha carreira como treinadora e esta foi uma oferta muito atrativa para dirigir uma equipa de primeira divisão. Queria assumir o objetivo de apanhar a equipa numa situação difícil e mudar a sua dinâmica», explicou, confiante, a A BOLA.
Recuperar o Clube Albergaria na tabela classificativa é a meta para a treinadora de 39 anos, que encontra o seu novo clube na antepenúltima posição, que obrigaria à disputa de um play-off de manutenção na fase final da temporada. Nada, porém, que assuste a espanhola, que chega a Portugal munida de um respeitável palmarés como jogadora que chegou aos mais elevados patamares.
Saray Garcia sagrou-se campeã nacional espanhola ao serviço do Rayo Vallecano, o que a levou a ter também participado na Liga dos Campeões ao serviço do emblema dos arredores de Madrid, e ainda representou a seleção espanhola nas fases de qualificação para o Mundial 2007 e o Euro 2009. Uma experiência que espera agora converter em ensinamentos às suas pupilas de forma a alcançar os resultados desejados.
«É certo que já são muitos anos vinculada ao mundo do futebol, com muita aprendizagem para conseguir construir as minhas próprias ideias sobre o jogo. Não sei se são boas ou más, mas são aquilo em que acredito e como entendo o futebol», propõe a experimentada ex-jogadora, hoje técnica, que acredita que poderá vir a constituir um ponto de partida para que mais profissionais do seu país continuem a chegar a Portugal, onde já existiam jogadoras a atuar em vários dos melhores clubes nacionais.
Pauleta e Andrea Falcón, do Benfica, ou Brenda Pérez, do Sporting, constituem bons exemplos de importação de valor acrescentado proveniente de Espanha à qual se acrescentou uma treinadora. E Saray acredita que não ficará por aqui: «a liga portuguesa ainda está por explorar e pouco a pouco estou segura de que atrairá perfis ainda mais competitivos. O facto de vir gente de Espanha e adquirirem boas experiências irá atrair mais (ndr: espanholas), estou certa», assegurou a treinadora, recém-chegada ao Clube Albergaria.