Salvador Agra: «Foi um choque quando Petit decidiu sair, tentámos que ficasse»
Salvador Agra falou da época atribulada (Foto: EPA/JOSÉ COELHO

Salvador Agra: «Foi um choque quando Petit decidiu sair, tentámos que ficasse»

NACIONAL28.05.202412:05

Jogador referiu-se ao treinador como um «segundo pai» e falou também da permanência garantida no último jogo: «Fomos uns verdadeiros campeões durante a época inteira»

Salvador Agra fez um balanço da época do Boavista, em entrevista à Lusa, e entre os momentos mais difíceis falou da saída de Petit do comando técnico, que deixou o grupo «em choque».

«Sabíamos aquilo que ele era e continua a ser nesta casa: uma pessoa muito importante, à qual já estávamos habituados e que sente o clube de forma especial. Tínhamos ali um segundo pai. Foi um choque para nós quando o mister Petit tomou a decisão de querer sair. Tentámos que ele ficasse connosco, porque sabíamos que era uma força grande no nosso balneário, conhece esta casa melhor do que ninguém e é um excelente treinador», afirmou o atacante, numa alusão à saída do técnico, oficializada a 12 de dezembro de 2023.

«Seguiu o caminho dele e nós compreendemos a sua decisão. O futebol é isto mesmo e, por vezes, há que tomar decisões que, por muito que não se queira, são as melhores no momento. Seria hipócrita da minha parte estar a dizer que o Petit abandonou o barco. É totalmente mentira. Esse assunto ficou muito bem esclarecido entre todos. Disse-nos que estava a tomar aquela decisão por ser a melhor para a sua vida pessoal e para ver também se alguma coisa mudaria. Foi um verdadeiro campeão», defendeu sobre o técnico, que assumiu funções nos brasileiros do Cuiabá.

Após uma época marcada por queda na classificação, impedimento em registar novos jogadores e salários em atraso, a permanência na Liga ganhou um sabor especial, para o jogador: «Depois de uma temporada com esta história toda, este grupo tem de ficar marcado para estes adeptos. Pode ser não da maneira como aconteceu em 18 de maio de 2001 [quando o clube foi campeão nacional], mas, num cenário totalmente diferente, deve-se dar valor a este grupo por tudo aquilo que passou. Se fosse com outro grupo ou clube, muito dificilmente conseguiriam fazer o que nós conseguimos.»

«Devido a tudo o que aconteceu no último jogo, a sensação que passa é de alívio. Foi um misto de emoções, de tristeza e de felicidade, no qual relembrámos vários momentos que passámos. No fim de contas, merecíamos isto, porque fomos uns verdadeiros campeões durante uma época inteira e o único clube que não conseguiu contratar ninguém nos dois mercados de transferências. Pelo contrário, houve uma saída importante do Tiago Morais [em janeiro]. Isto é só para os fortes», sublinhou, recordando a salvação, que chegou no último jogo da época, 2-2 com o Vizela... aos 90+11'.

«O Reisinho até pensava que era eu que iria bater esse penálti [aos 90+11'], mas o Bruno Lourenço é que os costuma marcar. Como ele já não estava em campo naquela altura, peguei na bola e entreguei-a ao Reisinho, até porque tinha plena confiança nele. É um jogador com muita qualidade, que sabe gerir bem os momentos e merecia ter uma alegria destas por tudo aquilo que já passou. É alguém de quem é difícil não gostar», contou.

Salvador Agra falou também na mudança de estrutura, com Fary Faye a assumir a presidência da SAD, após renúncia de Vítor Murta: «É uma pessoa importante, até porque conhece a casa, já passou por esta profissão [de futebolista] e sabe os momentos em que se tem de tocar no coração de um jogador. Está agora numa faceta diferente e temos a crença de que vai fazer um trabalho espetacular. Acima de tudo, e além de ser presidente, o Fary é nosso amigo.»