Boxe Horn, o campeão que derrotou Pacquiao, retira-se com problemas de memória
A 2 de junho de 2017 Jeff Horn, um antigo professor escolar, garantiu o seu lugar na história do boxe ao conquistar o título mundial de meio-médios da WBO derrotando o então oito vezes campeão Manny Pacquiao por decisão unanime após 12 assaltos no Suncorp Stadium, nos arredores da cidade de Milton, Queensland (Austrália). Três meses antes Pacquiao afirmara com desplante que não sabia quem o australiano era.
Passados precisamente seis anos Horn regressou ao Lang Park, onde travou aquela que ficou conhecida pela Batalha de Brisbane, para anunciar o fim da carreira.
Diz ter recebido uma proposta de 1 milhão de dólares para voltar a subir ao ringue, mas prefere continuar a ir às escolas do estado de Queensland ensinar aos jovens táticas anti-bullying para que não passem pelos mesmos problemas que viveu quando andou no liceu.
Só que existe outro motivo, bem mais preocupante, para esta reforma aos 35 anos. Nos últimos tempos os problemas de memória começaram a piorar.
«Poderia ter aceitado 1 milhão por outro combate, mas a minha saúde física é mais importante que a saúde financeira. Para ser honesto, tenho as minhas preocupações», referiu Horn na conferência de imprensa onde estava a mulher, Jo, as três pequenas filhas de ambos, e o treinador de sempre Glenn Rushton.
O combate que lhe haviam proposto seria contra Michael Zerafa, o primeiro adversário a tê-lo derrotado depois de ter ganho os três confrontos seguintes ao do filipino Pacquiao.
«Tenho tido alguns problemas de memória. Fiz testes ao cérebro e disseram-me que se continuasse havia um elevado risco de as coisas irem piorando e que o cérebro sofreria mais. Tenho de me proteger pois quero ser capaz de me lembrar do nome das minhas filhas e dos grandes momentos das suas vidas».
«Os resultados mostraram que em memória estou abaixo da média para uma pessoa normal da minha idade», revelou ainda o pugilista que efetuou o último combate, e perdeu, há três anos contra Tim Tszyu.
«Não me consigo lembrar de coisas que alguém da minha idade deve reter. Não há treino que se possa fazer para melhorar o meu cérebro. Uma vez estragado, não há como voltar atrás. Gostei do meu tempo como pugilista, disso não há dúvida, mas agora tenho um trabalho mais importante a realizar».
«O meu próximo combate é definitivamente o mais importante, e é pessoal. É tentar proteger todos miúdos», concluiu Horn que até já iniciou essa cruzada nos últimos anos, mas agora passará a fazê-la inserido no movimento Bullyproof Australia.