Estádio do Bolhão: os meninos do Boavista
Reisinho foi herói na partida contra o Vizela ao marcar o penálti decisivo no último segundo

OPINIÃO Estádio do Bolhão: os meninos do Boavista

NACIONAL26.05.202409:30

O emblema do Bessa tem muito talento jovem a despertar. João Gonçalves, Pedro Malheiro, Joel Silva, Reisinho, Martim Tavares ou Tiago Machado. É aqui que está o ouro

Muito se fala dos ventos de mudança no FC Porto com a eleição de André Villas-Boas para a presidência do clube (e terça-feira da SAD). No Boavista também houve revolução, não legitimada pelo voto dos sócios, mas pela decisão de Gérard Lopez, acionista maioritário, de deixar cair Vítor Murta e dar às panteras uma nova visão de futuro com Fary Faye. Dois homens do futebol nos mais altos cargos dos respetivos clubes.

No caso do senegalês, a desconfiança dos associados que viam nele uma extensão de Murta depressa foi ultrapassada no primeiro treino aberto antes do  jogo com o Vizela. Fary tem uma forma de estar na vida diferente da do seu antecessor. Patrocina uma proximidade que fazia falta aos que sofrem pela causa axadrezada. E como sofrem. Ser do Boavista, nos tempos que correm, é um exercício de masoquismo: ano após ano decretam a morte do clube; quase todos os meses há fornecedores, ex- jogadores, antigos treinadores e clubes a bater à porta exigindo o pagamento de dívidas, algumas com décadas.

Asfixiado e sem poder contratar há três janelas de transferências, o Boavista recorre ao que sempre teve de bom: à sua formação. Tiago Morais foi vendido ao Lille, mas ficaram Joel Silva, esquerdino com tremendo futuro que marcou ao Vizela, Reisinho, que teve a coragem de bater a grande penalidade decisiva no jogo contra os minhotos, e Martim, que ganhou o penálti. Vejam bem: três miúdos determinantes num jogo dramático. Na baliza, outro valor seguro, João Gonçalves, sem esquecer Malheiro.

Por muitos planos financeiros que o Boavista venha a ter para restaurar a sua reputação, o ouro está nestes rapazes. Que o alívio da crise não sirva de pretexto para contratar um contentor de estrangeiros de qualidade duvidosa. Haja critério, com os miúdos bem integrados no plano.