Associação de Defesa do Adepto critica atuação policial no Jamor
Adeptos do FC Porto (IMAGO)

Associação de Defesa do Adepto critica atuação policial no Jamor

NACIONAL29.05.202414:29

Comunicado publicado nas redes sociais dá conta dos 'excessos' cometidos pelas forças de autoridade na final da Taça

Depois de várias queixas feitas, principalmente por adeptos do FC Porto, acerca da atuação da unidade especial de polícia da PSP, chega agora a reação da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA).

Num comunicado publicado nesta quarta-feira, a APDA acusa a polícia de ter tido um comportamento «desproporcional e excessivo», referindo-se à violência física exercida pela PSP e à utilização de balas de borracha e de gás pimenta: «No jogo da final da Taça de Portugal, assistimos a excessos policiais que deixaram um rastro de feridos nas bancadas e fora delas. Balas de borracha atingiram adeptos em várias partes do corpo, incluindo num olho, bastonadas indiscriminadas, utilização de gás aleatoriamente e, no final, até crianças precisaram de assistência médica. O cenário de violência foi chocante e inaceitável, especialmente quando se esperava que a polícia mantivesse a ordem e protegesse os cidadãos. Sim, é verdade que alguns adeptos exibiram comportamentos inadequados, mas a resposta da PSP foi desproporcional e excessiva. A revolta contra as autoridades cresce a cada episódio de violência. Cada vez menos adeptos se sentem seguros ou próximos da polícia, que deveria estar ali para garantir a segurança de todos.»

A APDA pede, agora, uma resposta das autoridades governamentais acerca daquele que considera ter sido «um dia negro para os adeptos»: «O que se espera agora é uma resposta firme e transparente das autoridades. É fundamental que haja uma investigação imparcial sobre os incidentes, que os responsáveis pelos excessos sejam identificados e que se tomem medidas concretas para evitar que tais abusos se repitam - ou vamos ter adeptos interditos pelas tochas e agentes da autoridade agressores impunes? A confiança entre os cidadãos e as forças de segurança precisa ser restaurada, e isso só será possível com justiça e transparência.»

Leia o comunicado completo:

«Violência policial no Jamor: Quem nos protege da Polícia?

No jogo da final da Taça de Portugal, assistimos a excessos policiais que deixaram um rastro de feridos nas bancadas e fora delas. Balas de borracha atingiram adeptos em várias partes do corpo, incluindo num olho, bastonadas indiscriminadas, utilização de gás aleatoriamente e, no final, até crianças precisaram de assistência médica. O cenário de violência foi chocante e inaceitável, especialmente quando se esperava que a polícia mantivesse a ordem e protegesse os cidadãos.

Sim, é verdade que alguns adeptos exibiram comportamentos inadequados, mas a resposta da PSP foi desproporcional e excessiva. A revolta contra as autoridades cresce a cada episódio de violência. Cada vez menos adeptos se sentem seguros ou próximos da polícia, que deveria estar ali para garantir a segurança de todos.

A nossa denúncia não se limita à violência física exercida pela PSP. Imagens televisivas comprovam jornalistas fazendo acusações infundadas e aleatórias contra os adeptos, alegando consumo de substâncias ilícitas sem qualquer prova. Um momento particularmente revelador, do discurso de ódio, foi quando um adepto no meio daquele caos pediu calma à polícia de forma respeitosa. Nesse momento, foi injustamente acusado por uma jornalista de incitar à violência e de insultar as autoridades. Nada mais falso podia ser dita por essa irresponsável apelidade de jornalista. Esta narrativa, carregada de estereótipos discriminatórios, apenas serviu para inflamar ainda mais o cenário que temos à nossa volta. É a prova do discurso de ódio que tem sido permitido contra os adeptos de futebol, em particular os membros de grupos Ultra. Disto não falam os hipócritas que residem na Assembleia da República e mesmo fora dela.

Foi mais um dia negro para os adeptos, um reflexo de um problema sistêmico que precisa de ser urgentemente abordado. Não é apenas a violência física que nos preocupa, mas também a impunidade e a falta de responsabilização dos superiores da polícia, do governo, dos meios de comunicação social e das instituições desportivas.

O que se espera agora é uma resposta firme e transparente das autoridades. É fundamental que haja uma investigação imparcial sobre os incidentes, que os responsáveis pelos excessos sejam identificados e que se tomem medidas concretas para evitar que tais abusos se repitam - ou vamos ter adeptos interditos pelas tochas e agentes da autoridade agressores impunes? A confiança entre os cidadãos e as forças de segurança precisa ser restaurada, e isso só será possível com justiça e transparência.»